opinião

OPINIÃO: Preconceitos necessários

Andando pelos países ou seguindo notícias vemos que o termo que hoje povoa a Europa é intolerância, mormente voltada ao imigrante, que, por razão econômica, falta de recurso natural, condição cultural, religiosa, crise humanitária, guerra ou guerrilha, vai viver no Velho Continente.

Assim, a hostilidade para com o estrangeiro, motivada pelo desnível sócio-cultural, aumenta entre os europeus que se sentem ameaçados pelos estrangeiros, legais e ilegais, vivendo por lá. Eles têm receio de que lhes diminua a oferta de emprego e atrapalhe a economia, enviando dinheiro ao Exterior e diminuindo a circulação interna.

Os europeus, com esses imigrantes, estão vendo crescer grupos político-partidários que alimentam antissemitismo, conservadorismo e ideais ligados a pureza do seu povo. A história mostra que esta intransigência, impaciência ou inflexibilidade europeia se liga ao preconceito, ao racismo e a discriminação que aprenderam ao longo dos tempos. Aliás, se buscamos a palavra preconceito no italiano e no espanhol vemos que significa prejuízo, enquanto no português e no francês é prejulgamento.

Nós crescemos com o conceito de que preconceito é um sentimento ou resposta antecipada para com pessoa, grupo, lugar ou coisa não baseado em experiência real, e que se aprende no convívio. O europeu aprende nos livros. Citarei três obras que legitimam essa afirmação. A primeira, de 1784, escrita por Giuseppe Piccirilli, História Filosófica do Preconceito, afirma que a filosofia nos salva da escuridão, da ilusão, e argumenta sobre a inevitabilidade do preconceito em nossa vida. A segunda é Preconceitos Necessários, de 1911. Nela, Émile Faguet fala no estereótipo e na necessidade do preconceito como questão de sobrevivência.

A terceira é de 1951, onde Barrows Dunham escreve Mitos e Preconceitos do Nosso Tempo, revivendo a carta de 1498, da terceira viagem de Colombo, onde iniciou a discussão sobre como o europeu deveria se proteger do novo continente. Estas e milhares de publicações abarrotam bibliotecas, crivam a cultura de (pre)conceito e nos levam a atitudes questionáveis. Nesta andança europeia, encontrei um preconceito, entre os necessários, que está dando o que falar, é o alusivo ao obeso.

Ele está tão incorporado, que, em uns países, para comprar ingresso ao teatro ou cinema, a bilheteria tem um degrau-balança, o comprador sobe nele para alcançar o vendedor, aí vê o ponteiro da balança sinalizar seu peso e o valor correlato a sua entrada. Numa ocasião, perguntei ao diretor do teatro o porquê desta cisma com o obeso. Incomplacente, me disse: ele deve pagar caro porque amassa mais o carpete, quebra mais as cadeiras, absorve mais oxigênio, e usa mais papel higiênico. Surpresa, agradeci e saí pensando na minha terra e na obesidade da minha gente. Caro leitor, já pensou se essa moda pega?

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: A difícil escolha Anterior

OPINIÃO: A difícil escolha

OPINIÃO: Cinema lotado Próximo

OPINIÃO: Cinema lotado

Colunistas do Impresso